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| Não somos necessária e estritamente uma coisa ou outra, hétero ou homo |
A maioria das coisas da vida não tem uma definição clara e definitiva.
Nossa sexualidade também não tem definição clara e definitiva.
Por mais que tenhamos uma atração por um ou outro sexo, alguns cientistas têm estudado essa questão e apresentado resultados de estudos diversos sobre como realmente se comporta nosso desejo sexual.
Um dos mais famosos deles foi do biólogo norte americano Alfred Kinsey, conhecido como pai da revolução sexual.
Após a realização de um estudo exaustivo sobre o comportamento sexual humano, Kinsey percebeu que nós não podemos ser perfeitamente classificados entre heterossexuais e homossexuais.
Não somos necessária e estritamente uma coisa ou outra, hetero ou homo. Existem universos de sexualidades entre estes dois “extremos”.
Praticamos uma ampla variedade de comportamentos sexuais, e às vezes nos envolvemos em comportamentos sexuais que nem se identificam com nossa sexualidade.
Por exemplo, aquele cara que aceita sexo oral de outro homem, mas não se sente atraído por homens, pratica uma variedade sexual que não se identifica com sua identidade heterossexual e portanto, nem por isso pode ser qualificado como gay.
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| Um indivíduo pode ser associado numa posição da escala em cada período de sua vida |
Com base em seus estudos, Alfred Kinsey criou uma escala, que ficou conhecida como a Escala de Kinsey, baseada no desejo das pessoas, que é uma tentativa de representar o comportamento sexual real das pessoas.
Muito mal interpretada por conservadores e grupos religiosos radicais (aliás esse pessoal mal interpreta quase tudo que não compreendem), a escala funciona mais como um guia do que uma regra, criada para entender melhor a complexidade da sexualidade e para destacar a continuidade entre o comportamento e desejo sexual entre diferentes sexos (heterossexual) e mesmo sexo (homossexual) durante o período de vida das pessoas.
Explicando a escala de Kinsey
A escala, originalmente, vai de 0 a 6 e é dividida como abaixo, mas novamente é necessário repetir: Ela não é uma regra, é mais um guia, o “caminho das pedras” da sexualidade humana que se mostra bastante complexa e fluída.
0 – Exclusivamente heterossexual
1 – Predominantemente heterossexual, apenas ocasionalmente homossexual
É aquele indivíduo heterossexual, mas que pode ocasionalmente ter alguma experiência com alguém do mesmo sexo.
2 – Predominantemente heterossexual, mas mais do que ocasionalmente homossexual
É aquele indivíduo heterossexual, mas que se envolve algumas vezes, mais que ocasionalmente, com pessoas do mesmo sexo. Em geral possui algum desejo e fantasia com atividades sexuais com alguém do mesmo sexo, mas mantêm-se socialmente heterossexual.
3 – Igualmente heterossexual e homossexual
É o bissexual perfeito, com desejo igualmente por pessoas do mesmo sexo. Essa é a “categoria” mais rara, juntamente com a “X”.
4 – Predominantemente homossexual, mas mais do que ocasionalmente heterossexual
É aquele indivíduo homossexual mas que se envolve algumas vezes, mais que ocasionalmente, com pessoas do sexo oposto. É o inverso do tipo 2.
5 – Predominantemente homossexual, apenas ocasionalmente heterossexual
É aquele indivíduo homossexual, mas que pode ocasionalmente ter alguma experiência com alguém do mesmo sexo. É o inverso do tipo 1.
6 – Exclusivamente homossexual
É aquele indivíduo exclusivamente homossexual. O oposto do tipo 0.
* Somente após um tempo, Kinsey incluiu a assexualidade na escala, representada pela letra “X“.
Em sua pesquisa, Kinsey e sua equipe descobriram que a maioria das pessoas fica nas categorias médias, entre 1 e 5, indicando que a bissexualidade (como um “contínuo”, em vez de uma categoria distinta) é mais uma norma do que uma raridade.
Os homens não são representados através de duas populações, heterossexual e homossexual. O mundo não é subdividido em carneiros e cabras. É um fundamento da taxonomia que a natureza raramente pode ser tratada em categorias discretas… O mundo em que vivemos é contínuo em todos e em cada um dos aspectos.
Quando se enfatiza a continuidade das graduações entre os heterossexuais e homossexuais exclusivos ao longo da história, parece ser desejável desenvolver uma gama de classificações que podem ser amparadas em quantidades relativas de experiências e respostas heterossexuais e homossexuais em cada caso… Um indivíduo pode ser associado numa posição da escala em cada período de sua vida… Uma escala de sete categorias aproxima-se de representar as várias graduações que existem atualmente. (Kinsey, et al. (1948). pp. 639, 656)
É importante lembrar que esses dados não têm a intenção de esclarecer a identidade sexual dos indivíduos. Ela não foi projetada para ser um teste ou questionário para determinar sua “verdadeira” orientação sexual.
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| Às vezes nos envolvemos em comportamentos sexuais que nem se identificam com nossa sexualidade |
A escala é puramente um método de auto-avaliação com base em sua experiência individual, e a classificação que você escolher pode mudar ao longo do tempo.
Além disso, a escala é projetada para permitir a mudança e fluidez na sexualidade dos indivíduos. Ou seja, você pode ser completamente heterossexual por um período e heterossexual com alguns comportamentos homossexuais em outro.
Seus autores estavam cientes de que a sexualidade não é fixa ou estática, desde o nascimento até a morte.
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| Dr. Alfred Charles Kinsey |
Referências
Goodtherapy
https://www.goodtherapy.org/blog/psychpedia/kinsey-scale
Kinsey’s Heterosexual-homosexual rating scale. (n.d.). The Kinsey Institute.
http://www.kinseyinstitute.org/research/ak-hhscale.html
Grollman, E. A. (n.d.). The Kinsey Scale: Its purpose and significance. Kinsey Confidential RSS.
http://kinseyconfidential.org/kinsey-scale-purpose-significance/
