Só existe uma Donatella Versace: E ela é fabulosa!
Entre o preto obsidiana do suéter, e o cabelo loiro descolorido (seu irmão Gianni começou a peroxidá-lo para ela aos 11 anos e meio), quando vejo uma foto dela, sinto-me como se estivesse em algum tipo de Gattaca.
Sra. Versace é poderosa e está no controle. Nitidamente.
“Eu costumo usar preto e usar salto alto. Primeiro, porque sou baixa e, segundo, porque você não consegue esconder sua feminilidade”, diz ela, acrescentando: “Você não pode ter medo de que nossa feminilidade seja ouvida”.
Donatella é a melhor propaganda dos saltos altos e das calças pretas justas da Versace (não são legging hein!) porque, bem…ela é uma Versace e pode.
Donatella é sexy e inteligente
Com Versace, não existe “a roupa faz a mulher”; nem “o homem faz as roupas”.
Um cinturão aqui, uma saia bem acima do joelho ali, e quem a usa se metamorfoseia em uma deusa Versace, graças às peças em sintonia com o corpo e seu poder.
O calor de Donatella aliado ao seu poder é o motivo pelo qual tantas pessoas, e em particular, mulheres, gravitaram em torno dela desde o início.
Quem não gosta de uma mulher que sabe o seu valor?
Donatella faz o trabalho.
Ela é um chuveiro, não uma caixa.
Não vamos esquecer como ela se tornou o rosto da marca: era 1997, e depois que seu amado irmão Gianni Versace foi tragicamente assassinado – baleado por um serial killer enlouquecido em sua mansão em Miami – Donatella foi transformada como chefe da marca Versace.
Houve inúmeros murmúrios na indústria: a casa poderia sobreviver sem Gianni?
Donatella quase cancelou a coleção da primavera de 98, mas em vez disso seguiu em frente.
Certa vez ela disse: “Você pode me imaginar eu entrando numa sala de reuniões apenas com homens sentados à mesa?”
“Eu tive que pensar melhor do que eles, não como eles.”
Rosto de longa data da Versace, Dua Lipa concorda
“A força e a resiliência que ela traz fizeram da marca o que ela é hoje”, disse Dua ao Highsnobiety.
Em quase todos os principais perfis da Versace do final dos anos 90 e início dos anos 2000, os escritores observam que a aparência luxuosamente bem cuidada de Donatella e o cabelo descolorido ofuscante funcionam como uma armadura para a pessoa muito tímida que está por baixo dele.
“Donatella é na verdade uma mulher bastante tímida que se apresentou como a personificação do lado mais teatral e exagerado da marca Versace, enquanto se refugiava atrás daquela familiar sinteticamente loira”, escreve Julia Reed em um perfil de março de 2002 para a Vogue.
A armadura foi necessária durante a batalha de Donatella contra o vício em cocaína, pelo qual ela foi para a reabilitação, e todas as outras dificuldades e tristezas tornadas dolorosamente públicas pela imprensa.
E funcionou.
Donatella assumiu com sucesso o controle da marca, tornando-se seu rosto e criando um ressurgimento para a Versace – um feito que ressoou através de gerações.
“Tenho um profundo amor e respeito por Donatella”, acrescenta Dua.
“Ela colocou muito de si mesma na Versace, e acho que as pessoas sentem isso quando vestem suas roupas.”
Donatella nunca foi simplesmente uma musa, mas uma transformadora e confidente dentro da casa Versace.
Donatella lembra: “Não é que [Gianni] tivesse em mim, eu me impus. Muitas vezes ele desejou que eu não estivesse lá!
Porque ele estava me desafiando a ser boa, ser melhor, me aprimorar. Na verdade, todo mundo estava tentando me desafiar a ser poderosa”, diz ela. “Ele adorava desafiar [mulheres].
Gianni Versace respeitava muito as mulheres
“Ele tinha muito respeito pelas mulheres. Eu o amava! Sempre tinha muitas mulheres poderosas ao seu redor, ele acreditava no poder das mulheres, no poder das ideias femininas.”
Hoje em dia, Donatella está tornando a Versace um pouco mais acessível. Ela está projetando para uma era totalmente nova de mulheres, dando a cada uma sua própria dose de apelo de supermodelo de alta octanagem dos anos 90, sinônimo da marca, mas daquele jeito 2023, nos seus termos.
“Quero que a mulher que usa Versace se sinta mais confiante, segura de si”, diz Donatella.
“Tento dar alguma confiança às meninas, para ter certeza de suas ideias:
‘Sou mulher, defendo isso e não mudo por ninguém ou por nada’.
Este é o encanto máximo desta casa italiana e da genialidade de Donatella: uma mulher que desenha para que mulheres e homens fiquem incríveis e poderosas(os), com ombros largos e cinturas estreitas.
“Quando uso Versace, independentemente de como me sinto antes de me vestir, me transformo nesta mulher poderosa e confiante”, diz Lipa.
“Acho que toda a energia vem de Donatella.”
Ela tem as leais supermodelos da era Gianni na discagem rápida: Cindy Crawford, Naomi Campbell, Claudia Schiffer, Helena Christensen e Carla Bruni.
Depois, há as celebridades que a adoram: Britney Spears, Jennifer Lopez, Chris Lee, Madonna e Lady Gaga, entre outras.
Ela conseguiu capturar as celebridades em alta de cada geração.
Houve J. Lopes, que usou o icônico chiffon verde Versace no Grammy de 2000, uma peça de roupa que foi tão pesquisada que levou a criação do Google Images logo depois, em 2001.
Houve Madonna, que foi modelo de Gianni e mais tarde de Donatella – e confortou Donatella na mansão Versace após a morte de seu irmão.
Por que Donatella tem tanta atração magnética?
Qualquer designer de qualquer casa pode desembolsar o dinheiro pelo amor de uma celebridade, mas a atração de celebridades de Donatella parece genuína.
E, provavelmente porque é.
Ela é calorosa e gentil. Esse calor escorre por seu Instagram (@donatella_versace) e TikTok (simplesmente @Versace), onde ela deixa comentários que ela mesma elabora e se conecta à última geração de fãs famintos por moda.
Donatella também é leal e mantém suas filhas por perto, trabalhando com elas repetidamente ao longo dos anos.
Tem Madonna, que apareceu em sua campanha Primavera/Verão 2015.
E apenas alguns anos atrás, Lopez apareceu no desfile Primavera / Verão 2020 com uma recriação daquele vestido do Grammy com estampa palmar que quebrou a Internet.
Gaga se vestiu para Donatella… muitas vezes.
Mais recentemente, a estilista colaborou com Lipa, que já apareceu em campanhas da grife italiana e desfilou diversas vezes.
Lipa apresentou a coleção pré-outono em Cannes durante o festival de cinema repleto de estrelas intitulado “La Vacanza”, que ela co-desenhou com Versace.
Muitas vezes, uma colaboração de designer pode parecer uma forma de ganhar dinheiro, sem a alma da celebridade e oferecendo apenas seu nome, mas esta coleção Versace parecia Dua e Donatella em sua essência.
Imagine a estrela pop em um vestido de toalha justo rosa bebê estampado com o logotipo da Versace ou uma pequena mule de lona atrevida, completa com borboletas – uma homenagem à coleção Versace ’95.
Falando em “La Vacanza”, um colar brilhante da coleção acabou com Taylor Swift para sua turnê.
Além do colar, Swift usava um macacão deslumbrante com franjas de borla do Atelier Versace. Sim, Swift, a cantora da indústria da guitarra, tornou-se uma mulher Versace.
Donatella a transformou em uma femme fatale
Há também o curioso caso de Anne Hathaway como rosto da campanha Versace Icons.
Em um espartilho Atelier Versace retrabalhado e com um medalhão de duas Medusas na alça, Donatella transformou a queridinha de Hollywood em uma megera.
E ela fez isso de novo no Met Gala deste ano, “Karl Lagerfeld: A Line of Beauty”, onde vestiu Hathaway com um vestido de tweed creme que recebeu um tratamento bombástico, preso com uma pilha escorregadia de alfinetes de segurança dourados que cortavam o tronco.
Hathaway parecia, bem, muito gostosa.
E não só isso: ela parecia absolutamente poderosa.
O poder máximo de Donatella é a combinação de suas ideias e sua execução.
É um maestro flex da velha escola, no qual o objetivo é simplesmente fazer o trabalho como se não houvesse outra opção.
Ela cita como inspiração a mãe, uma costureira que passou a criar seu próprio negócio.
“Minha mãe, ela era uma mulher muito, muito poderosa sozinha. Ela trabalhou tanto. Ela cuidava do seu próprio negócio e sem ajuda de ninguém”, diz Donatella.
“Esse é o meu exemplo: olhar para minha mãe.” Donatella está desenhando para esta era de mulheres que fazem o mesmo – que trabalham duro – e que merecem uma peça que transmita seu poder da forma como seus ternos acentuam os ombros e dobram na cintura.
Talvez por isso, para Donatella, o terno seja o look mais sexy que existe.
“Acho que hoje o que quero transmitir com o traje é poder. Vista um terno e vá buscar o que deseja. Você vai conseguir. Seja poderoso(a).”
Claro, há o terno e depois o terno Versace. “Você sempre precisa da parte mais sexy… que é a cintura.
Donatella é a transformadora de meros humanos em suntuosas sereias no tapete vermelho ou em negociadores de terno e botas na sala de reuniões.
E, o que ela guarda na bolsa?
“Brilho labial”, ela diz.
“Não é um espelho, apenas um brilho labial e um pincel.” “Sem espelho. Você olha uma vez pela manhã, é isso!
O que é mais poderoso do que isso?
